quinta-feira, 9 de setembro de 2010

QUEM SOFRE?


     Somos induzidos a chorar pelos males que sofremos, ou aqueles que as pessoas que conhecemos sofrem. Somos induzidos a chorar as lagrimas do mocinho e odiar o vilão que o fez sofrer. Mas e quando o herói e o vilão se misturam em um só, quando o filme traz os dois lados da história e você passa a ver através dos olhos do outro, quem deve sofrer?
     Talvez você nunca se tenha feito essa pergunta, nunca tenha assistido a um filme, lido um livro ou tenha presenciado qualquer situação em que os dois lados se apresentem. Não se culpe.Você não é o único.
     Mesmo aqueles que já presenciaram os dois lados de uma história, que já sentiram a dor do vilão, que já viram escorrer as lágrimas de seu inimigo e se perguntaram pelo que ele estava chorando, podem nunca terem visto os dois lados da história.
     Acho que faz parte de nossa essência quanto ser. Escolher um lado para o qual brandir nossas espadas. Mesmo que no meio da batalha mudemos de posição e o antes inimigo torne-se aliado, mesmo até então estando ao lado do outro e sabendo os motivos pelos quais lutavam e a razão pela qual derramavam suas lágrimas, mesmo assim, você não sentira pena. Não abaixará sua espada. Apenas usará as informações que conseguiu durante sua estada no lado inimigo para ajudar seu lado, o lado correto, a atingir a vitória.
     Mas, o que ocorreria se não tivesse que lutar? Se você fosse apenas um espectador, um leitor, deus? Se pudesse virar as páginas e ver os atos dos dois lados, suas lágrimas, seus erros, o que eles tem de melhor e de pior, o que você faria? O que faríamos? Escolheríamos um lado ou esperaríamos que ambos esquecessem tudo que ocorreu e perdoassem um ao outro? Que esquecessem os companheiros mortos em batalha, a traição, as palavras rudes, todo o sofrimento causado durante todo o filme, todo o livro, durante toda a história da humanidade e apenas apertassem as mãos dizendo que a historia começaria a partir de então com todos os males esquecidos, enterrados no passado?
     Provavelmente se a historia terminasse assim reclamaríamos e diríamos que a historia era boa, mas o final deixou a desejar. Pois ninguém perdoa tão fácil, ninguém é tão bom a ponto de esquecer. Mas o autor defenderia sua obra dizendo que nós conhecemos os dois lados, nós gostamos dos dois personagens, então nós deveríamos ficar felizes que ambos terminem a história com vida. Ao que responderíamos que sim nós conhecemos os dois lados, e sim, nós gostamos dos dois personagens, mas eles não os conhecem e na vida real nós também não conhecemos e nunca vamos conhecer os dois lados da história. Por isso queremos ver o mocinho vencer, mesmo que não seja o nosso mocinho. E por essa razão sempre haverá guerras, sempre haverá aquele que diz que se o outro não seguir sua fé ira para o inferno, sempre haverá desigualdade, dor. Espere. Sempre é uma palavra deveras forte, talvez fosse melhor eu substituí-la por: enquanto o ser humano habitar a terra.

2 comentários:

  1. http://ofantasticomundodejohn.blogspot.com/2011/02/httpsetefiosumtear.html

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  2. O neutro não se destaca, por isso é da essência humana, que vem a necessidade de escolha.
    Mas quanto definir qual dos lados é o correto, julga-se que será o vencedor.
    Não digo que foi Deus, pois este já possui outro como reflexo, mas Ares sempre será um herói... e Michael um grande amigo.

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