segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Limitação dos olhos


                                                                                                                           D.M.Bontorin
                                                                                                          para Rafaela T.

Nós, em toda nossa limitação, tentamos enquadrar as cores, as pessoas, em determinados grupos. Esses grupos podem ser restritos: os verdes, os vermelhos, os amarelos. Ou ainda, podem ser grupos maiores: cores frias, cores quentes, tons terrosos, claras, escuras, etc. 
Suprimisse ao máximo qualquer capacidade de individualidade, de unidade, de ser não um azul mas um azul cerúleo. 
O que mais atormenta minha alma é ter consciência dessa predisposição  a classificar as cores, as pessoas, e mesmo assim não ser capaz de não o fazer. 
Controlo-me ao máximo, faço analise do meu próprio comportamento e no fim estou discriminando, dizendo que um laranjado nunca será puro pois ele não é um vermelho e nem um amarelo. Demora um tempo até eu perceber o que estou fazendo, até eu parar e perceber: "ele simplesmente o laranjado, ele não tem que ser nem tão vivo como o vermelho, nem tão intenso como o amarelo e se eu chegar mais perto perceberei que mesmo se eu o comparar aos outros laranjados ele ainda será diferente, será único. Comparações são desnecessárias".
Aceito esse fato, aceito o laranjado, mas quando viro os olhos me deparo com o lilas, "que cor mais imprópria, não decide quem quer ser: é uma cor fria ou uma cor quente? como é que eu vou saber. Acho melhor deixa-la de lado e usar o bom e velho laranjado."

Um comentário:

  1. Esse é um (e apenas um de vários, que os deuses nos ajudem) dos maiores espíritos malignos que assombram as minhas filosofias, preferindo chegar para um chá sempre nos momentos que em os olhos estão, muito satisfeitos, quase se fechando deliciosamente na minha cama. Li uma reportagem hoje e falo com os pés e cabeça nela (http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/permissao-para-ser-infeliz.html): e se nós nos PERMITÍSSEMOS, simplesmente, a não ser capaz de colocar as cores em seus devidos lugares? Em contrapartida poderíamos concentrar as nossas energias em impedir as nossas mãos de atirar baldes de tinta ao nosso bel prazer. Seria (é?) como ter eternamente um pesado e sofrido Gollum dentro - mas bem lá dentro - de nós...

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