sábado, 30 de agosto de 2014

De que precisamos...

"Não é de livros que você precisa, é de algumas coisas que antigamente estavam nos livros. (...) Os livros eram só um tipo e receptáculo onde armazenávamos muitas coisas que receávamos esquecer. Não há neles nada de mágico. A magia está apenas no que os livros dizem, no modo como confeccionavam um traje para nós a partir de retalhos do universo."

Ray Bradbury - Fahrenheit 451

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

The Second Coming

                                                               by William Butler Yeats

Turning and turning in the widening gyre   
The falcon cannot hear the falconer;
Things fall apart; the centre cannot hold;
Mere anarchy is loosed upon the world,
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere   
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst   
Are full of passionate intensity.

Surely some revelation is at hand;
Surely the Second Coming is at hand.   
The Second Coming! Hardly are those words out   
When a vast image out of Spiritus Mundi
Troubles my sight: somewhere in sands of the desert   
A shape with lion body and the head of a man,   
A gaze blank and pitiless as the sun,   
Is moving its slow thighs, while all about it   
Reel shadows of the indignant desert birds.   
The darkness drops again; but now I know   
That twenty centuries of stony sleep
Were vexed to nightmare by a rocking cradle,   
And what rough beast, its hour come round at last,   
Slouches towards Bethlehem to be born?


A Segunda Vinda

Girando e girando a voltas crescentes
O falcão não escuta o falcoeiro.
Tudo se parte, o centro não sustenta.
Mera anarquia avança sobre o mundo,
Marés sujas de sangue em toda parte
Os ritos da inocência sufocados.
Os melhores sem suas convicções,
Os piores com as mais fortes paixões.

É certo, está perto a revelação;
É certo, está perto a Segunda Vinda.
Segunda Vinda! Mal digo as palavras
E a imagem vasta do Spiritus Mundi
Turva-me a vista: no pó de um deserto
Um corpo de leão de crânio humano,
O olhar vazio e duro como o sol,
Move as pernas pesadas, e ao redor
Rondam sombras de pássaros coléricos.
Volta a escuridão; mas eu sei agora
Que o sono pétreo desses vinte séculos
Deu em sonho mau no embalo de um berço.
Qual besta rude, vinda enfim sua hora,
Arrasta-se a Belém para nascer?

(tradução de Paulo Vizioli)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Especulação sobre a Verdade

"O que é a mentira, senão uma verdade na qual não acreditamos? A verdade portanto, por outro lado, é algo tão precioso que devemos guardá-la num cofre como se fosse a nossa própria vida. A verdade é um segredo a latir como um cão no abismo da nossa alma, a verdade é uma pequena estrela a brilhar na escuridão da mentira. A verdade é um apostema, um lúgrebe ciclone, uma fêmea alucinante."

Ana Miranda. A Última Quimera