D.M.Bontorin
para Rafaela T.
Nós, em toda nossa limitação, tentamos enquadrar as cores, as pessoas, em determinados grupos. Esses grupos podem ser restritos: os verdes, os vermelhos, os amarelos. Ou ainda, podem ser grupos maiores: cores frias, cores quentes, tons terrosos, claras, escuras, etc.
Suprimisse ao máximo qualquer capacidade de individualidade, de unidade, de ser não um azul mas um azul cerúleo.
O que mais atormenta minha alma é ter consciência dessa predisposição a classificar as cores, as pessoas, e mesmo assim não ser capaz de não o fazer.
Controlo-me ao máximo, faço analise do meu próprio comportamento e no fim estou discriminando, dizendo que um laranjado nunca será puro pois ele não é um vermelho e nem um amarelo. Demora um tempo até eu perceber o que estou fazendo, até eu parar e perceber: "ele simplesmente o laranjado, ele não tem que ser nem tão vivo como o vermelho, nem tão intenso como o amarelo e se eu chegar mais perto perceberei que mesmo se eu o comparar aos outros laranjados ele ainda será diferente, será único. Comparações são desnecessárias".
Aceito esse fato, aceito o laranjado, mas quando viro os olhos me deparo com o lilas, "que cor mais imprópria, não decide quem quer ser: é uma cor fria ou uma cor quente? como é que eu vou saber. Acho melhor deixa-la de lado e usar o bom e velho laranjado."